Essas são duas das histórias contadas na oficina Afrocontos, em Caturité. A primeira, é a que faltou na apostila e a segunda é a história de Aditi Bolá, aue conheci através da contadora Érica Verçosa.
"O Jabuti e o Leopardo"
O jabuti, distraído como sempre, estava voltando apressado para casa. A noite começava a cobrir a floresta com seu manto escuro e o melhor era apertar o passo.
De repente... caiu numa armadilha ! Um buraco profundo coberto por folhas de palmeiras que havia sido cavado na trilha, no meio da floresta, pelos caçadores da aldeia para aprisionar os animais.
O jabuti, graças a seu grosso casco, não se machucou na queda, mas como escapulir dali? Tinha que encontrar uma solução antes do amanhecer se não quisesse virar sopa para os aldeões...
Estava ainda perdido em seus pensamentos quando um leopardo caiu também na mesma armadilha!!!
O jabuti deu um pulo, fingindo ter sido incomodado em seu refúgio, e berrou para o leopardo:
"-Que é isto? O que está fazendo aqui? Isto são modos de entrar em minha casa? Não sabe pedir licença?!" E quanto mais gritava, mais espantado ficava o leopardo...
E continuou... "-Não vê por onde anda? Não sabe que não gosto de receber visitas a estas horas da noite? Saia já daqui! Seu pintado mal-educado".
O leopardo bufando de raiva com tal atrevimento, agarrou o jabuti, e com toda a força jogou-o para fora do buraco!
O jabuti - feliz da vida - foi andando para sua casa tranquilamente!
. “A princesa que não falava”
Essa é a história da Aditi Bolá, filha do rei ioruba, que nasceu muda.
O rei tentou de tudo para fazer com que sua filha falasse – remédio, encantamentos, nada adiantou. A menina permanecia muda.Cansado de tentativas inúteis, o rei resolveu estabelecer um prêmio para quem conseguisse livrar sua filhinha da mudez: daria a metade do seu tesouro para quem curasse a princesa Aditi Bolá.
Ajapá, a tartaruga, que era muito esperta, resolveu ganhar o prêmio.
Exigiu primeiro, que a princesa fosse viver longe do vilarejo, sozinha, em uma cabana dentro da floresta, bem perto de sua própria casa.
Poucos dias depois da mudança, Ajapá pegou uma cabaça cheia de mel e colocou na porta da casa da menina, escondendo-se em seguida.
Vendo aquilo e pensando ser um presente do seu pai a menina pegou a cabaça e começou a saborear o mel.
Neste momento, Ajapá saiu de seu esconderijo e, dando um tapa nas costas da criança, gritou:
-Ladra! Então é você quem rouba e come meu mel?
E assim falando, amarrou a menina com uma corda, e atou a cabaça às suas mãos.
A menina, assustada, gritou:
-Eu não roubei nada! Eu não roubei nada!
Sem lhe dar atenção, Ajapá saiu arrastando a princesa, enquanto cantava:
Bolá roubou e comeu meu mel! Kayin, kayin!
Bolá é astuta e desonesta! Kayin, kayin!
Bolá é uma ladra sem-vergonha! Kayin, kayin!
Amarrada e puxada pela tartaruga, a princesa só podia se defender cantando assim:
Na terra de elefante, agi como elefante! Kayin, kayin!
Na terra de búfalo, agi como búfalo! Kayin, kayin!
Na terra da tartaruga fui acusada de roubar! Kayin, kayin!
Ajapá me acusou de roubar e comer seu mel! Kayin, kayin!
Assim seguiram até o povoado. Ajapá cantando uma canção de acusação e Aditi Bolá cantando sua canção de defesa. Avisado do que se passava, o rei veio correndo até a praça e, chorando de alegria, cantou:
Minha filha que nunca falou, está falando hoje! Kayin, kayin!
Ajapá curou a mudez de Bolá! Kayin, kayin!
O plano foi revelado e Aditi Bolá entendeu que a acusação da Tartaruga era o remédio que fez com que falasse.
O rei dividiu seu reino com Ajapá e ela prosperou em tudo por sua esperteza
Adorei o conto da princesa que não falava!! É muito bom ouvir histórias de princesas que não as tradicionais que ouvimos da Disney... Parabéns pelo trabalho de divulgação dos contos africanos... Abs, Profª Gabriela.
ResponderExcluir